O profissional das ciências agrárias

WP_20150811_005Boa tarde caros leitores!

Hoje venho expor meu pensamento sobre a forma como nós, profissionais das áreas agrárias, somos vistos pela maioria dos nossos amigos, familiares, clientes. É uma situação embaraçosa pois, na maioria das vezes, quem nos dirige uma simples pergunta não o faz com más intenções, mas por falta de conhecimento sobre o assunto e  apenas busca uma resposta para sua dúvida.

Bem, minha intenção é apenas esclarecer alguns pontos a vocês, mostrar o quão embaraçosa pode ser a situação tanto para nós, como para vocês. Mas qual seria essa situação que eu estou me referindo?

Eu, como Engenheiro Agrícola e meus colegas de outros campos de atuação como Engenheiros agrônomos, Médicos Veterinários, Engenheiros Florestais ou Zootecnistas, com certeza já ouvimos perguntas do tipo:

  • O que eu faço para que meu pé de fruta frutifique?
  • Oque eu aplico para matar tal praga?
  • Estou irrigando muito? Pouco?
  • Meu cachorro ou galinha está com tais sintomas, que remédio eu dou a ele?

Estes são só alguns exemplos simples.

Geralmente estas perguntar partem de nossos parentes, amigos ou mesmo de pessoas que acabamos de conhecer.

Em alguns casos podemos até opinar, dar alguma dica ou opinião, mas veja bem, de forma informal.

Vou fazer algumas comparações com outras áreas de conhecimento para que vocês tenham uma noção mais geral da situação. Pense dessa forma, você está se sentindo mal, com o corpo todo doendo e encontra um amigo seu que é médico. Certamente ele poderá lhe dar uma opinião do que pode estar acontecendo com você, mas de forma informal, e afirmo, não vejo isso acontecer com frequência. Nessa situação, o caminho mais lógico seria procurá-lo em seu consultório, onde ele lhe pediria uma sequência de exames que o auxiliariam a identificar a fonte do problema e prescrever um remédio adequado para o seu caso.

Pense só se em uma conversa casual ele lhe dissesse, tome tal remédio que vai dar certo. Aí você vai lá, descobre que o remédio é muito caro, mas mesmo assim o compra, toma e não melhora. Seria uma situação embaraçosa ir atrás do seu amigo médico para cobrar explicações certo? Imagine para ele, que errou o diagnóstico e pior, perdeu a confiança do seu cliente e amigo.

Em um outro caso, imagine que você esteja com um problema judicial e encontre um amigo advogado na rua. nesse encontro você pede uma opinião a ele de como proceder com seu problema e ele lhe de algumas dicas. Você, confiando na formação do seu amigo advogado, em todos seus anos de carreira, em sua experiência, faz o que ele lhe mandou. Desfecho da história, você acaba com dois processos em vez de um e corre risco de perder boa parte dos seus bens, simplesmente porque na pressa da conversa esqueceu de mencionar um detalhe importante ao seu amigo, que também não tomou conhecimento da sua real situação. Que embaraçoso não?

Nós, das ciências agrárias, vivemos isso diariamente. Mas não estamos imunes de culpa. Esse comportamento é antigo, é herança de gerações passadas e reflete a falta de compromisso com nossa profissão. Nada nos impede de expor nossa opinião sobre determinado assunto, de escrever matérias na internet a fim informativo, eu mesmo faço isso. Mas ressalto, todo problema deve ser analisado de forma única, independente e sem extrapolações, pois cada caso é um caso.

Assim, alerto a você, caro leitor, quando for questionar determinado assunto a algum profissional das ciências agrárias, principalmente se espera obter uma informação a distância e de forma gratuita, atente-se aos riscos de receber apenas uma opinião e não um relatório ou parecer técnico. Você possivelmente poderá escutar afirmações em vez de “pode ser, depende ou eu acredito que…”, tome muito cuidado com estas afirmações, pois você pode estar sendo orientado a matar pulga com canhão ou um elefante com um espinho.

Procure sempre um parecer técnico em vez de opiniões, mesmo que isso lhe custe algum dinheiro. Acredite, você não estará gastando, estará investindo.

Por outro lado, nós, engenheiros agrícolas, agrônomos, florestais, médicos veterinários e zootecnistas temos que valorizar nossa formação e começar a nos portar com o devido profissionalismo.

Não estou condenando uma boa prosa de amigos, na rua que seja, mas que ela se estenda para um escritório ou mesmo para a sala da sua casa, para a análise devida de todos os fatos envolvendo o problema exposto pelo seu cliente/amigo/parente. Que uma postura profissional seja tomada por parte dos profissionais e que uma postura madura, de reconhecimento, seja tomada por parte dos que nos trazem novos desafios e questões a serem resolvidas.

Em fim, decidi escrever este Post para mostrar a vocês uma situação corriqueira e seus riscos. Espero atingir este objetivo.

3 Comentários (+adicionar seu?)

  1. Ivan Baruque
    maio 22, 2016 @ 19:10:17

    Os Srs profissionais das devidas áreas, estão com toda a razão, mas acredito que uma ajuda pela internet sobre vários assuntos vem elucidar ou até mesmo ajudar
    na tomada de decisão quando se tem alguma dúvida ,mesmo que sendo rápidas.

    Responder

    • Inforagro
      maio 22, 2016 @ 20:00:18

      Sim, sim..Eu mesmo pratico isso. Recebo muitos pedidos de ajuda sobre diversos temas, contudo, sem as informações necessárias para um relatório completo, me restrinjo apenas em dar dicas ou opiniões.

      Responder

    • Inforagro
      jan 25, 2018 @ 13:01:49

      Com certeza Ivan. Eu defendo esse ponto de vista também. Acredito na difusão do conhecimento, tanto que o pratico no Blog, mas não podemos ultrapassar o ponto em que passamos a desmerecer o nosso ofício.

      Responder

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